quinta-feira, 22 de novembro de 2012

ABORDAGEM SECUNDÁRIA


Abordagem Secundária
Finalmente, no passo "E", expor a vítima, à procura de lesões. Entretanto, em nível pré-hospitalar, as roupas da vítima só serão removidas para expor lesões sugeridas por suas queixas ou reveladas pelo exame segmentar, respeitando seu pudor no ambiente público. No hospital, ao contrário, é imperdoável deixar de despir completamente a vítima antes de iniciar a abordagem secundária.


Só iniciar a abordagem secundária depois de completada a abordagem primária.
Examinar todos os segmentos do corpo, sempre na mesma ordem (exame segmentar): crânio, face, pescoço, tórax, abdômen, quadril, membros inferiores, membros superiores e dorso. Nesta fase, realizar:
● Inspeção: cor da pele, sudorese, simetria, alinhamento, deformidade e ferimento;
● Palpação: deformidade, crepitação, rigidez, flacidez, temperatura e sudorese;
● Ausculta: tórax (campos pleuropulmonares e precordial) - procedimento exclusivo do médico.
Durante todo o exame segmentar, manter-se atento a sinais de dor ou a modificações das condições constatadas na abordagem primária da vítima.
 Exame segmentar:

1) Cabeça: palpar o crânio com os polegares fixos na região frontal, mantendo o controle cervical. Palpar as órbitas. 
Simultaneamente, inspecionar cor e integridade da pele da face, hemorragia e linforragia pelo nariz e ouvidos, hematoma retroauricular (sugestivo de fratura de coluna cervical alta ou base de crânio), simetria da face, hemorragia e laceração dos olhos e fotorreatividade pupilar (não a valorize em olho traumatizado). 
Retirar corpos estranhos (lentes de contato e próteses dentárias móveis) eventualmente remanescentes.

2) Pescoço: inspecionar o alinhamento da traqueia e a simetria do pescoço.
Palpar a cartilagem tireoide e a musculatura bilateral. Inspecionar as veias jugulares: se ingurgitadas, principalmente com piora na inspiração, preocupar-se com lesão intratorácica grave (derrame de sangue no pericárdio, impedindo os movimentos normais do coração:
hemopericárdio com tamponamento cardíaco).
Palpar as artérias carótidas separadamente e a coluna cervical, verificando alinhamento, aumento de volume,
crepitação e rigidez muscular.
Completado o exame, colocar o colar cervical.


3) Tórax: inspecionar a caixa torácica (face anterior), buscando simetria anatômica e funcional, respiração paradoxal, áreas de palidez, eritema ou hematoma (sinais de contusão) e ferimentos.
Palpar as clavículas separadamente, buscando dor e crepitação.
Palpar os arcos costais e esterno em busca de rigidez muscular, flacidez e crepitação.
Examinar até a linha axilar posterior.
Realizar ausculta pulmonar e cardíaca (procedimento médico).

4) Abdômen: inspecionar sinais de contusão, distensão e mobilidade.
Palpar delicadamente, analisando sensibilidade e rigidez de parede (abdômen em tábua).

5) Quadril: afastar e aproximar as asas ilíacas em relação à linha média, analisando mobilidade anormal e produção de dor.
Palpar o púbis no sentido antero-posterior. A região genital também deve ser avaliada, sugerindo haver lesão conforme as queixas da vítima ou o mecanismo de trauma.


6) Membros inferiores: inspecionar e palpar da raiz das coxas até os pés.
Observar ferimento, alinhamento, deformidade, flacidez, rigidez e crepitação.
Cortar a roupa onde suspeitar de ferimento ou fratura. Retirar calçados e meias.
Examinar a mobilidade articular ativa e passiva. Executar movimentos suaves e firmes de flexão,
extensão e rotação de todas as articulações. Palpar pulsos em tornozelos e pés.
Testar sensibilidade, motricidade e enchimento capilar.

7) Membros superiores: inspecionar e palpar dos ombros às mãos.
Observar ferimento, alinhamento, deformidade, flacidez, rigidez e crepitação.
Cortar a roupa onde suspeitar de ferimento ou fratura. Palpar os pulsos radiais.
Testar a mobilidade ativa e passiva. Executar movimentos suaves e firmes de flexão, extensão e rotação
de todas as articulações.
Testar a simetria da força muscular nas mãos.
Verificar sensibilidade, motricidade e enchimento capilar.

8) Dorso: realizar a manobra de rolamento a noventa graus para examinar o dorso.
Inspecionar alinhamento da coluna vertebral e simetria das duas metades do dorso.
Palpar a coluna vertebral em toda a extensão, à procura de edema, hematoma e crepitação.
Terminado o exame do dorso, rolar a vítima sobre a tábua de imobilização dorsal.
Após completar o exame segmentar, fazer curativos, imobilizações e outros procedimentos necessários.
Fazem também parte da abordagem secundária os seguintes procedimentos, que são realizados por médicos no ambiente hospitalar: radiografias, sonda gástrica, toque retal, cateterismo vesical e lavagem peritonial.
Durante a abordagem secundária, o socorrista deva reavaliar o ABCD quantas vezes forem necessárias, principalmente em vítimas inconscientes.
Após a abordagem secundária, realizar a verificação de dados vitais e escalas de coma e trauma.







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