terça-feira, 4 de dezembro de 2012

VIAS ÁREAS - PARTE 4

Métodos de Controle de Vias Aéreas


Os métodos de controle de vias aéreas são de três tipos: manual , mecânico e cirúrgico, sendo que o método mecânico se subdivide em básicos, avançados e alternativos.

A causa mais comum de obstrução de vias aéreas é a inconsciência de qualquer natureza e, na grande maioria dos casos, os métodos manuais conseguem promover e manter a permeabilidade das vias aéreas.


Métodos Manuais
Manobra de Tração de Mandíbula (Jaw-Thrust)
Essa técnica tem como vantagem o fato de não mobilizar a coluna cervical, visto que promove a desobstrução das vias aéreas por projetar a mandíbula anteriormente, deslocando também a língua.


Como desvantagem, é tecnicamente mais difícil de executar, se comparada à manobra de inclinação da cabeça e elevação do mento, além de não permitir que o socorrista (estando sozinho) continue a avaliação da vítima, visto que estará com as duas mãos envolvidas na manutenção da manobra.
Executar da seguinte forma:
1) Apoiar a região tenar da mão sobre a região zigomática da vítima, bilateralmente, estando posicionado na
sua "cabeceira";
2) Colocar a ponta dos dedos indicador e médio atrás do ângulo da mandíbula, bilateralmente, exercendo força suficiente para deslocá-Ia anteriormente;
3) Apoiar os polegares na região mentoniana, imediatamente abaixo do lábio inferior, e promover a abertura da boca.

Manobra de Inclinação da Cabeça e Elevação do Mento (Chin Lift)
Essa técnica tem como vantagens ser tecnicamente mais fácil de executar se comparada à manobra de tração de mandíbula e o socorrista, mesmo sozinho, consegue manter a manobra sem perder o controle cervical.
Executar da seguinte forma:
1) Manter o controle cervical com uma das mãos posicionada sobre a região frontal da vítima;
2) Posicionar o polegar da outra mão no queixo e o indicador na face inferior do corpo da mandíbula;
3) Pinçar e tracionar anteriormente a mandíbula, promovendo movimento discreto de extensão da cabeça, o suficiente para liberar as vias aéreas.


Após a realização de qualquer das manobras manuais, o socorrista deve observar a cavidade oral e, somente caso visualize qualquer corpo estranho este deve ser removido.
Em caso de corpos líquidos deve ser executado o rolamento de 90º ou a aspiração.

Métodos Mecânicos
Básicos
Cânula Orofaríngea
Também conhecida como cânula de Guedel, é um dispositivo destinado a manter pérvia a via aérea superior em vítimas inconscientes.

Introduzida em vítima consciente ou em estupor, pode produzir vômito ou laringoespasmo.

É necessário cuidado na colocação da cânula, porque a inserção incorreta pode empurrar a língua para trás, na faringe, e produzir obstrução de via aérea, manifestada por troca insuficiente de ar, indicada por tosse ineficaz e fraca, ruídos respiratórios estridentes, dificuldade respiratória acentuada e até mesmo cianose (cor azulada de pele, unhas e lábios).

A cânula orofaríngea está disponível em medidas para recém-natos, crianças e adultos. O melhor modo de identificar o tamanho adequado da cânula é segurá-Ia ao lado da face da vítima, com a extremidade inferior
tocando o ângulo da mandíbula, logo abaixo do lóbulo da orelha e estender a outra extremidade até a comissura labial.

Inserir a cânula com a concavidade para cima, dirigindo sua extremidade para o palato duro ("céu da boca"), logo atrás dos dentes incisivos superiores. Não permitir que a cânula toque o palato, aplicando um movimento de rotação helicoidal de 180º (em parafuso) sobre ela mesma, posicionando-a sobre a língua. 

Um abaixador de língua pode ser útil para impedir que a cânula empurre a língua para trás durante sua inserção.

Em crianças pequenas, a cânula de Guedel é inserida diretamente sobre a língua, com a concavidade para baixo, sem a rotação de 180º. Dessa forma evitam-se traumatizar dentes e palato.


Cânula Nasofaríngea
É um dispositivo confeccionado em látex, mais flexível e de menor diâmetro que a cânula orofaríngea, em virtude de sua inserção através da cavidade nasal. Bem lubrificada, introduzi-Ia numa das narinas (naquela que aparentemente não esteja obstruída) e, delicadamente, introduzi-la até a orofaringe. A cânula nasofaríngea é preferível à orofaríngea na vítima consciente, por ser melhor tolerada e menos propensa a induzir vômitos.

Durante a inserção, encontrando obstáculo na progressão da cânula, interromper imediatamente o procedimento, tentando a seguir introduzi-la através da outra narina.



Avançado
Intubação Endotraqueal
Procedimento médico que se define como via aérea definitiva, através da inserção de cânula endotraqueal por via oral ou nasal.

É o meio mais efetivo de proteção de vias aéreas contra aspiração e permite uma ventilação pulmonar adequada.

Esse procedimento está indicado quando não se consegue manter via aérea permeável por outros métodos ou se pretendem proteger as vias aéreas inferiores contra a aspiração de sangue ou vômito.









Dessa forma consegue-se manter uma melhor ventilação da vítima utilizando balão auto-inflável (ambu) ou respirador para manter ventilação artificial enriquecida com oxigênio.

O socorrista deve conhecer o material necessário para a intubação traqueal, objetivando auxiliar o médico nesse procedimento:
● Cânulas endotraqueais (nos 2,5 a 9,0);
● Laringoscópio (cabo e lâminas de nos 0 a 4)
● Pinças de Magill (adulto e infantil);
● Guia;
● Cadarço (para fixação da cânula);
● Seringa (para insuflar o ".cuff').

Alternativos
Obturador Esofágico
É um dispositivo composto de uma máscara facial que cobre boca e nariz, adaptada a um tubo com balonete na extremidade oposta. O tubo é passado por via oral e se localizará no esôfago, o qual será obliterado pela insuflação do balonete. A vitima será ventilada através da máscara que deve estar bem adaptada à sua face.

Combitube
O Combitube é um tubo de duplo lúmem com 02 balonetes (proximal orofaríngeo e distal). Um lúmem se
assemelha ao obturador esofágico, com fundo cego e perfurações laterais na altura da faringe. O outro lúmem apresenta a extremidade distal aberta similar ao um tubo traqueal convencional.

O Combitube é introduzido às cegas e permite adequada ventilação independentemente de sua posição ser
esofágica ou traqueal.

Máscara Laríngea
A Máscara Laríngea é um tubo semi curvo, que se inicia em um conector padrão e termina em uma pequena máscara com um suporte periférico inflável, que forma uma veação à volta da entrada da laringe. Sua inserção é muito rápida e dispensa a laringoscopia.

Método Cirúrgico
Cricotireoidostomia
Procedimento médico que se define como via aérea definitiva cirúrgica, por meio de inserção de agulha ou cânula traqueal através da membrana cricotireoidea (primeiro sulco transversal abaixo do "pomo de Adão",
na face anterior do pescoço).

Esse procedimento está indicado quando não é factível a intubação traqueal, como, por exemplo, nos casos de edema de glote, fratura de laringe, ferimentos faciais graves ou grande hemorragia orofaríngea.

Traqueostomia
Procedimento médico através do qual se estabelece um orifício artificial na traqueia, abaixo da laringe, indicado em emergências.

Trata-se de um procedimento simples. O pescoço do paciente é limpo e coberto e logo são feitas incisões para expor os anéis cartilaginosos que formam a parede externa da traqueia  Posteriormente são cortados dois desses anéis, resultando num orifício, através do qual é inserida uma cânula.

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Um comentário:

  1. Boa noite, ótimo texto muito bem explicado, eu gostaria de saber quais são as referencias que você utilizou sobre a CAF em crianças. Grato

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